
Professor Associado do Departamento de Línguas e Culturas, responsável durante vários anos pelas disciplinas de Cultura Espanhola e Espanha Multicultural
O Procés: algumas considerações sobre a situação atual na Catalunha
1.1. As origens do nacionalismo. A região da Catalunha tem uma identidade que vem de muito antigo. Este facto nem pode ser minimizado pelos defensores da unidade indissolúvel do Estado espanhol nem pode ser magnificado pelos separatistas catalães, pois afirmações idênticas podem ser realizadas, sem medo ao engano, de muitas outras regiões, quer na Península Ibérica, quer no resto da Europa. Ter uma consciência de identidade não quer dizer, como muitos querem deduzir, constituir uma nação. Na verdade, é absolutamente anacrónico falar de sentimentos nacionais antes do aparecimento das ideias do nacionalismo, lá pela segunda metade do século XVIII, pois, como disse Ernest Gellner, “É o nacionalismo que gera as nações, e não ao contrário”. A partir do desenvolvimento das sociedades industriais e o desaparecimento dos laços feudais é que se produz esse fenómeno bem estudado pelos teorizadores do nacionalismo que consiste na sublimação das tradições locais por parte das elites culturais, dando-se ao produto cultural resultante o nome de “nação”. (...)
Uma parte essencial do conteúdo do Estatut chumbada, aquela mais controvertida, era a questão económica. Uma reivindicação antiga do catalanismo (mesmo o regionalista, não independentista) era a equiparação económica com o País Basco, que tem um regime tributário especial (e muito vantajoso) chamado concierto económico. A manutenção das diferenças orçamentais entre Catalunya e o País Basco foi considerada uma afronta.


